fazer equilíbrio num fio de arame
em baixo o infinito
se cair fico a saber onde fica
no fio da navalha
as mãos sangram
os pés também
novelas da "vida real" intermináveis
todos os dias na net
nos jornais
nas rádios
nas tvs
as pessoas devoram como se fossem coisas deliciosas
metem-se no lugar do morto
isto é da vítima
c´est à dire
do herói
sentem-se naquela pele
daquele actor
daquela actriz
daquela personagem
copiam os ademanes
as roupas em tom baratucho
talvez no chinês
a gente olha as dançarinas
as mocinhas aspirantes a modelos
ao vivo ou em diferido
e a gente julga que estamos na américa
até temos mocinhas giras por cá
imitam bem as americanas
até são capazes de deslizar à volta de um varão
e os cabelos
na maioria longos
escadeados assimetricamente
com madeixas
às vezes fosforescentes
também há corpos jovens tatuados
mas pelo que tenho visto na tv são pouco interessantes
bonecos nada originais
borboletas
rosas
sei lá que mais
não interessa nada
a gente aborrece-se
dão-nos estas cenas estrangeiras e a gente vicia-se
depois quer-se mais
mas o aborrecimento não passa
e não há money para as fantasias
então agora com a crise tem que se sonhar baratinho
bem vou lavar o sumptuoso robe chinês que me ofereceram
deve ficar bem nas paisagens das beiras
carlos de oliveira / porta
-
A porta que se fecha
inesperadamente na distância
e assusta o romancista
que descreve o seu quarto de criança
(é difícil dizer
se os velhos arquitectos...
Há 23 horas
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