NOITE DE INVERNO
A tempestade tolda os ares,
A neve gira em torvelinho
Ora como a besta a uivar,
Ora num choro de menino.
Ora revolve o colmo antigo
E gasto do nosso palheiro.
Ora nos bate ao postigo
Como tardio caminheiro
Tristonha e escura choça velha,
Tão decrépito o nosso abrigo
Querida velhinha, por que velas
Tu tão calada ao postigo?
Talvez te quebre de fadiga
A borrasca feia a rugir,
Talvez te enleies, minha amiga,
Sob o teu fuso a zumbir?
Por desespero, ó mais dilecta
Da minha jovem condição,
Bebamos; que é da caneca?
Seja alegre o coração.
Canta-me a da cotovia
Que além do mar vive em amor;
Canta a da donzela, como ia
Buscar água pelo alvor.
A tempestade tolda os ares,
A neve gira em torvelinho,
Ora como besta a uivar,
Ora num choro de menino.
Por desespero, ó mais dilecta
Da minha jovem condição,
Bebamos, que é da caneca?
Seja alegre o coração.
ALEKSANDR PÚCHKIN (1799-1837)
O Cavaleiro de Bronze e Outros Poemas
(tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra)
gastão cruz / frio
-
Linguagem das estrelas incendeia
o céu da noite! Do
lugar vazio
choverão cinzas e da negra teia
descerá o cenário como um dia
para cegos que escutam ...
Há 11 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário