sábado, julho 30, 2011

escrito

Mesmo
Mesmo que te
Doam os artelhos
O ombro direito
A ponta dos cabelos

Vai

Vai por aquela senda verde
Aquele caminho de algas

Corre
Mesmo que te doam os artelhos

Vai até ao cume das nuvens
Encavalitadas
Nos rastos de sol
Em horizontes de fogo

Agarra-te às ventanias
Rodopiantes

Deixa que as folhas que planam
Nos teus olhos
Te transportem
Ao interior
De ti

Que nunca viste
Nem pressentiste
Que ignoraste enquanto
Ser sem asas
Rastejante criatura
Dos confins do nada

Abre

Abre essa porta emperrada
Em cujo batente
Sempre te recusaste
A tocar

Espreita

Deslumbra-te com a
paisagem que sobe até
ao sangue borbulhante
do teu peito em ânsias de amor
impossível

deita-te
no tapete de flores de vidro
cintilantes de perfumes
loucas de músicas
nas pontas dos
dedos
impacientes por
encontrar
o teu perfeito eu
a pincelada da tua alma

descansa

no colo das miragens estivais
nos véus nublados
dos olhos
que nunca viste
mas sempre te viram

ffg

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