Mesmo
Mesmo que te
Doam os artelhos
O ombro direito
A ponta dos cabelos
Vai
Vai por aquela senda verde
Aquele caminho de algas
Corre
Mesmo que te doam os artelhos
Vai até ao cume das nuvens
Encavalitadas
Nos rastos de sol
Em horizontes de fogo
Agarra-te às ventanias
Rodopiantes
Deixa que as folhas que planam
Nos teus olhos
Te transportem
Ao interior
De ti
Que nunca viste
Nem pressentiste
Que ignoraste enquanto
Ser sem asas
Rastejante criatura
Dos confins do nada
Abre
Abre essa porta emperrada
Em cujo batente
Sempre te recusaste
A tocar
Espreita
Deslumbra-te com a
paisagem que sobe até
ao sangue borbulhante
do teu peito em ânsias de amor
impossível
deita-te
no tapete de flores de vidro
cintilantes de perfumes
loucas de músicas
nas pontas dos
dedos
impacientes por
encontrar
o teu perfeito eu
a pincelada da tua alma
descansa
no colo das miragens estivais
nos véus nublados
dos olhos
que nunca viste
mas sempre te viram
ffg
carlos de oliveira / porta
-
A porta que se fecha
inesperadamente na distância
e assusta o romancista
que descreve o seu quarto de criança
(é difícil dizer
se os velhos arquitectos...
Há 22 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário