![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7et3tPtTNqMb7vpJazAMRyxyG-Xy-FLEIq6LbX0a7ZzGxW1oeytb8Ww4GiX9l-1afv2iIKMrT-TaYiLx4fbzHxDT2_J-VMoiENRfnN_uLSWqyOGCHoimwNjM-l5Y0QGxtzWZr/s400/a+minha+vis%25C3%25A3o+das+coisas-36.jpg)
gastão cruz / frio
-
Linguagem das estrelas incendeia
o céu da noite! Do
lugar vazio
choverão cinzas e da negra teia
descerá o cenário como um dia
para cegos que escutam ...
Há 7 horas
segura o poema na paisagem com dedos de agulha
pelas fímbrias dos caminhos as palavras diluem-se em pulseiras
de vidros foscos
renascem as ervas felpudas nas cabeças descoroadas
pelas revoltas dos legumes
os canaviais sussurram medos de alienígenas
engole a flor desbotada do arbusto irritante
larga uma letra do poema
mais outra
mais outra
o poema escangalha-se
planta-se nas ervas craneanas
de um golpe habilidoso as canas vergam-se
à navalha de vento
o segredo dos medos evola-se no
fumo nublado dos olhos encegados
desfaz-se em flocos de neve envidraçada
sobre os lagos distantes dos satélites de
Saturno
m. f. s.
18-10-2005