no silêncio das paisagens
das mulheres que desesperam
fermentam as agulhas enferrujadas
que bordam os contornos
dos vazios enevoados
que se agarram às bainhas
das saias envelhecidas
e sugerem pássaros bordados a seda
a desfazerem-se em farrapos de rendas
que se enterram nos tornozelos
fragilizados que aquiles lhes doou
agulhas vespertinas
que contra o céu se iluminam
como fogo de artifício
causador de cegueiras momentâneas
e súbitos terrores
as mulheres que desesperam
espreitam os horizontes de águas
imaginam naus bojudas
encimadas por bandeiras mortíferas
lembram-se de catrinetas
cogitam distraidamente
sentadas nas rochas
com laranjas no colo
ffg
miguel torga / sagres
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Vinha de longe o mar…
Vinha de longe, dos confins do medo…
Mas vinha azul e brando, a murmurar
Aos ouvidos da terra um cósmico segredo.
E a terra ouvi...
Há 20 horas
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