EXERCÍCIOS DE CRUELDADE
*
As crianças
carregadas de destino
batráquios prisioneiros do pó e da vidraça
alastram no papel o som e a cor dos seus débeis sorrisos.
Arde-lhes já na face
o circunflexo acento do desgosto-
a reprimida força da malícia atenta.
Miram-nos frias do fundo da película-
crescem-lhes dentes de apetite oculto
mandibulam ameaças de domínio
destroem uma a uma
as flores da idade
e cobrem-se escarninhas
de pêlos urticantes.
Exibem unhas curvas
afiadas para a disputa
e denunciam intenções de assalto
na lisa mansidão
com que protegem a morosa espera.
As crianças tiranizam o espaço que atingiram.
Possessas
dilaceram crianças de outras raças -
assumem, rancorosas, o desdém na face
e inquirem
inocentes
se os pretos têm nome.
Ruy Duarte de Carvalho
LAVRA
Poesia reunida 1970/2000
Cotovi
cesare pavese / uma obra não resolve nada
-
18 de Agosto 1947
Uma obra não resolve nada, assim como o trabalho de uma geração inteira não
resolve nada. Os filhos – o amanhã – recomeçam sempre e i...
Há 5 horas





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