se a neblina estende os seus véus
ao longo das campinas infinitas
sobra as nossas cabeças pairam
os corvos
as silhuetas das árvores encanecidas
bordam os horizontes enigmáticos
para além dos quais tudo acontece
as rapinas aves dos nossos pesadelos
continuam o seu vai-vem gráfico
agarram nas suas medonhas garras
as incautas crias das suas presumíveis
vítimas
não há raio de luz que rompa a treva
mumificada como manta
de espartano tecido
como capote de monge estático
na sua visão deslumbrada
enquanto os corvos permanecem
escondidos no negrume latente
mfs
álvaro de campos / poema de canção sobre a esperança
-
I
Dá-me lírios, lírios,
E rosas também.
Mas se não tens lírios
Nem rosas a dar-me,
Tem vontade ao menos
De me dar os lírios
E também ...
Há 17 horas
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