quinta-feira, agosto 26, 2010

escrito

às tantas a madrugada estilhaçou
a atmosfera morna
sibilante
povoada de animais que se
espreguiçam
ao saírem das neblinas
nocturnas

começaram os fumos dos escapes
a roçar as auto-estradas
ainda húmidas

os motoristas ansiavam pela pausa
do café
à beira das vias para onde
para sempre
para agora
despertas a custo

os odores da noite desvanecem-se
em acres sensações

ninguém sorri

alguns rosnam

as crianças dormitam nos bancos
secundários

as mochilas balançam nas curvas
das estradas

nunca mais o caminho
termina

nunca mais deixa de ser infinita
a via com horizonte
carregado do não se sabe
nunca
aonde nos levam estas veredas

mfs

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