quinta-feira, novembro 26, 2009
Louis Aragon
Il n'y a pas d'amour heureux
Rien n'est jamais acquis à l'homme Ni sa force
Ni sa faiblesse ni son coeur Et quand il croit
Ouvrir ses bras son ombre est celle d'une croix
Et quand il croit serrer son bonheur il le broie
Sa vie est un étrange et douloureux divorce
Il n'y a pas d'amour heureux
Sa vie Elle ressemble à ces soldats sans armes
Qu'on avait habillés pour un autre destin
A quoi peut leur servir de se lever matin
Eux qu'on retrouve au soir désoeuvrés incertains
Dites ces mots Ma vie Et retenez vos larmes
Il n'y a pas d'amour heureux
Mon bel amour mon cher amour ma déchirure
Je te porte dans moi comme un oiseau blessé
Et ceux-là sans savoir nous regardent passer
Répétant après moi les mots que j'ai tressés
Et qui pour tes grands yeux tout aussitôt moururent
Il n'y a pas d'amour heureux
Le temps d'apprendre à vivre il est déjà trop tard
Que pleurent dans la nuit nos coeurs à l'unisson
Ce qu'il faut de malheur pour la moindre chanson
Ce qu'il faut de regrets pour payer un frisson
Ce qu'il faut de sanglots pour un air de guitare
Il n'y a pas d'amour heureux
Il n'y a pas d'amour qui ne soit à douleur
Il n'y a pas d'amour dont on ne soit meurtri
Il n'y a pas d'amour dont on ne soit flétri
Et pas plus que de toi l'amour de la patrie
Il n'y a pas d'amour qui ne vive de pleurs
Il n'y a pas d'amour heureux
Mais c'est notre amour à tous les deux
Louis Aragon (La Diane Francaise, Seghers 1946)
quarta-feira, novembro 25, 2009
segunda-feira, novembro 23, 2009
o bairro
hoje depois do almoço andei pelo bairro a fotografar o céu, de duas maneiras, as cores, os "insólitos".
ao almoço a minha filha telefonou-me feliz, tinham acabado de mudar de casa e ia deitar-se que já era tarde e estava cansadíssima.
na semana passado fiz exames médicos a este corpo, também ele cansado.
nas análises há algumas coisas que não estão lá muito bem.
só temo que algo esteja mal e me impeça de ir para singapura juntar-me à minha filha.
ando a aprender photoshop, por enquanto sem mestre
tentando, tentando
faço coisas kitch que me dão bastante gozo.
não fui à feira de arte este ano.
a minha cabeça fervilha com ideias mas o corpo estafa-se facilmente quando tento concretizar os projectos
espero conseguir vender a prensa indo ou não para singapura
quarta-feira, novembro 18, 2009
ontem
fui fazer os exames à clínica
entrei às 8h 30m e saí um pouco depois do meio dia
fui ao colombo comprar um ferro de soldar para continuar as minhas experiências
depois de almoçar fui ao atelier onde estava a minha amiga C.
tinha havido uma inundação...
o vizinho do r/c, dono do bar aí em funcionamento veio ajudar e disponibilizar-se para ajudar em circunstâncias semelhantes ou outras. era só pedir.
depois saímos com intenção de dar umas voltas pela bertrand e pela sá da costa
mas C. encontra um velho conhecido, pintor gravador, animador do bar tejo, algarvio.
grande conversa e voltamos ao atelier.
o artista, pessoa interessantíssima, é interpelada, entretanto, por um antigo aluno com a filha ao lado, regressada de londres por algum tempo.
conversa entusiasta
fiquei a saber que o artista canta no bar tejo e está no youtube
no atelier o artista avalia a prensa que pretendo vender e compromete-se a comprá-la
se assim for, fica resolvido um dos meus problemas.
o outro problema tem a ver com a minha saúde
se tiver algum problema grave não poderei ir para singapura em fevereiro
já tenho quem queira ficar com a gatinha
precisava de alguém que concretizasse as minhas ideias, como fizeram vários pintores quando diminuidos pela idade e/ou pela doença..
as paredes próximas da clínica estão cheias de cartazes que se vão degradando e que fotografei por achar muito interessantes as imagens dessa degradação.
Tive que esperar, na clínica pelo último exame mas como já podia tomar o pequeno almoço subi ao terraço.
estava um sol brilhantíssimo e quente
e a ponte
e o rio
domingo, novembro 15, 2009
Henrique Risques Pereira
eu para aqui me fico
que descanso este silêncio
estarão dormindo
talvez ausentes.
De lá fora
só cantares de pássaros
e o murmúrio da brisa nas árvores altas
aqui e além
um grito de criança divertida.
A luz cai oblíqua
e eu estirado
a sentir o tempo passar.
Que ninguém chore.
Henrique Risques Pereira
Transparência do Tempo
(poesia)
edições quasi
sábado, novembro 14, 2009
quinta-feira, novembro 12, 2009
Daniel Faria
Há uma mulher a morrer sentada
Uma planta depois de muito tempo
Dorme sossegadamente
Como cisne que se prepara
Para cantar
Ela está sentada à janela. Sei que nunca
Mais se levantará para abri-la
Porque está sentada do lado de fora
E nenhum de nós pode trazê-la para dentro
Ela é tão bonita ao relento
Inesgotável
É tão leve como um cisne em pensamento
E está sobre as águas
É um nenúfar, é um fluir já anterior
Ao tempo
Sei que não posso chamá-la das margens
Daniel Faria, in "Dos Líquidos"
Mário Cesariny
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas,que esperam por nós
E outras frágeis,que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens,palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.
Mário Cesariny
quarta-feira, novembro 11, 2009
esta malhada é bastante popular cá no bairro
segue-nos até à casa de chá, sobe para a mesa do lado
na rua é alimentada pelos passantes e rebola-se no capot dos carros à espera de umas festas
a que se segue é a minha gata
a crer no que se diz sobre a proporção de vida dos gatos comparando com a dos humanos
a minha gata é centenária
pela manhã nem sempre tem paciência para esperar que eu acorde
então dá-me umas palmadas de gato na cara
puxa a roupa
sobe-me para a almofada e quase se deita em cima da minha cabeça
conseguidos os seus intentos é altura de me desafiar para correrias e brincadeiras
hoje resolveu deitar-se sobre a tarlatana que estava a cortar para levar para a gravura
é de longe muito mais afectuosa que muitas pessoas
hoje fui comer o meu salmão grelhado
fiquei desapontada pois serviram-me uma posta minúscula
no fim ofereceram-me 5 castanhas assadas no forno e um pouco de geropiga
entretanto os outros clientes discutiam em altas vozes futebol
só fiquei uma hora na gravura
canso-me muito rapidamente
ando a "ponderar" como o outro ir para fora
para junto da minha filha e do meu genro
mas ainda estou hesitante
sábado, novembro 07, 2009
eis-me
eis-me ou não de volta aos escrevinhamentos neste blog
tenho andado por aí
por outros blogs
acabei por perder a paciência e matei um deles
estou outra vez
creio
numa encruzilhada
talvez mude de rumo e de local geográfico
pode ser que recupere o interesse por qualquer coisa
"reencontrei" antigos amigos, conhecidos, através da internet
fiquei entusiasmada
mas começo a esmorecer
a verdade é que nem as pessoas me interessam por muito tempo
é cá um aborrecimento...
que fazer com esta misantropia?