ando sempre a despedir-me
a antecipar-me ao inevitável
a despedir-me das minhas paisagens
das minhas ideias
meus pedaços de criatura en train de devenir de la poudre
olho-me nos espelhos
sou eu
mas talvez não seja
às vezes estranho-me completamente
sou eu aquela ali de sombra à minha frente
atrás de mim
sob os meus pés...
tenho veias ondulantes
salientes
verdes
azuis roxas
nas mãos
sou eu?
que há nos espaços entre os meus quarks?
quando passo o ar fica mais quente?
mais frio?
que é existir?
eis uma mulher
ser vivo
a minha gata também produz elocubrações
quando solta suspiros
parece
no meu colo
a minha gata é mais viva que eu
dorme sempre que pode
cesare pavese / uma obra não resolve nada
-
18 de Agosto 1947
Uma obra não resolve nada, assim como o trabalho de uma geração inteira não
resolve nada. Os filhos – o amanhã – recomeçam sempre e i...
Há 2 horas





1 comentário:
Como eu te compreendo...
Lembra-te homem que és pó...
E em pó te tornarás...
Um abraço
Frisco
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