sábado, março 07, 2009

de la poudre

ando sempre a despedir-me
a antecipar-me ao inevitável
a despedir-me das minhas paisagens
das minhas ideias
meus pedaços de criatura en train de devenir de la poudre

olho-me nos espelhos
sou eu
mas talvez não seja

às vezes estranho-me completamente

sou eu aquela ali de sombra à minha frente
atrás de mim
sob os meus pés...

tenho veias ondulantes
salientes
verdes
azuis roxas
nas mãos

sou eu?

que há nos espaços entre os meus quarks?

quando passo o ar fica mais quente?
mais frio?

que é existir?

eis uma mulher
ser vivo

a minha gata também produz elocubrações
quando solta suspiros
parece
no meu colo

a minha gata é mais viva que eu
dorme sempre que pode

1 comentário:

Anónimo disse...

Como eu te compreendo...

Lembra-te homem que és pó...
E em pó te tornarás...

Um abraço
Frisco