o único barulho por instantes é do velho computador
o portátil avariou-se
calma fantástica que me tira a vontade de sair...
no monitor aparece o mordomo a anunciar que tenho um novo e-mail
bem
louça para a máquina que as minhas mãos não aguentam nem detergentes nem luvas
com sebastião
antes de sair
Um anjo erra
nos teus olhos diurnos
humedecido do véu
(ao fundo, a íris entardece)
seguiu de cor a revoada das pombas
místico
um arroubo ascende a prumo
do plano em que me fitas
cisnes desaguam
do teu olhar em fio
e vogam ao redor, pelo estuário da sala
ao sol-poente
os vitrais das janelas
ardem na catedral assim erguida
colocamos um sonho
em cada nicho
e no círculo formado pelas nossas bocas
subentende-se com verve
a língua.
Sebastião Alba
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