MURALIDADE
A CASA
Penduras a pele no bengaleiro e entras
no meu quarto andar direito e voraz.
Deste lado fumega, eterno, o atanor e a mesa
está posta para a ceia travessia da noite.
OS JARDINS
Sou, naturalmente, Margarida, cicerone da
floresta simulada. Aqui se demoram as crianças
e os namorados suspendem, em beijos,
a densa vedação. Aqui estão os velhos
cirurgiões de novembro. E, aos domingos,
o pastor põe-se a cantar um salmo novo.
«Diz-me, meu amor, onde guardas o rebanho».
para que eu possa guiar a solidão.
O CASTELO
Habita-me um dragão, uma princesa, um trono
esculpido de narcejas. Soluços de servo fustigado
ressoam no alçapão, no labirinto.
Um cavaleiro aproxima-se da ponte levadiça
e galopa, apressado, para me conquistar.
Estremecem-me as paredes sismo de desejo
(as pedras amam e alguém mais, certamente, o descobriu).
MANUELA PARREIRA DA SILVA
CASTRO VERDE - 35 anos
Anuário de Poesia
Autores não Publicados
assírio & alvim
1986
inês lourenço / crónicas
-
Mulheres de canastra à cabeça, que num recôncavo
de esquina, não calcetada, onde uma nesga
de terra desmentia o urbanismo
invasor, mijavam de pé
co...
Há 2 horas
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